Que tal ser um investidor de poesia?

26 nov

Por anos tive uma relação utópica com a poesia, sonhando que não era possível viver de sonho. Hoje vejo, na prática, que é. Mais do que nunca tenho vivido a minha poesia. É preciso tomar certos cuidados e abdicar de certos luxos, mas é possível. A poesia exige muito de um, mas também abre milhares de possibilidades a esse um, que se multiplicam através dele.

Estou viajando e vendendo meus livretos de poesia. Atualmente estou no Rio de Janeiro, aproveitando a eterna efervescência deste lugar para me desenvolver no papel de poeta de rua. Passo os dias com outros poetas, divulgando meus livretos, interpretando poemas, conversando com leitores… O resultado já tenho visto, ao receber e-mail, recados no facebook e tudo mais, agradecendo pela minha poesia. Mas tenho conferido o resultado, principalmente, nas próprias ruas.

Vocês podem imaginar a alegria que é encontrar uma pessoa que outrora adquirira meus livretos e agora recita meus poemas para mim mesmo, decorados? Imagine a alegria de poder ser um observador oculto numa multidão e ver um rapaz folheando meu livreto, recém-adquirido, e dando pulos, pulos de alegria!, a cada novo poema lido? Gente, pra mim, é um gozo. É a sensação de dever cumprido quando vejo que há alguém que se reconhece no meu texto, quando vejo que fui instrumento de uma vontade coletiva.

Mas, apesar de tudo, ainda estamos no Brasil. A poesia não é tão valorizada quanto nós gostaríamos. E, como alguns de vocês também sabem, eu não tenho patrocínio nos meus livretos. Não quero envolver empresas nessa história. Só tem um problema: como não coloco limite de preço na hora de vender – e muitos dão quantias bem baixas – tenho receio de, futuramente, não conseguir imprimir novas remessas. Por isso, estou abrindo este convite para possíveis financiadores do livreto.

Fechei uma parceria com a gráfica, em que eles me ofereceram um desconto: 600 livretos por mês por 300 reais. Com o frete, fica em 350 reais. Com a ajuda de vocês, esse valor se financiará, o que garante que novos livretos serão impressos todo mês.

Isso dá novos significados aos livretos. Quebra, por exemplo, um pouco da relação comercial que tenho com ele. É claro que continuaria precisando ganhando dinheiro para sobreviver, mas a relação seria outra: não tendo de me preocupar com os custos do livreto, poderia oferecer a qualquer preço e muitas vezes distribuir gratuitamente, dando acesso a quem não pode.

Repito o que digo sempre: a ideia é que o dinheiro não seja um impedimento para quem deseja ter contato com a poesia. E como diz Emmanuel Marinho: “poesia não compra sapatos. Mas como andar sem poesia?”

Se você chegou até aqui e se interessou em investir em poesia, devo deixar claro que, financeiramente, este não é o melhor dos negócios. Mas gostaria de dar um retorno. Além de continuar produzindo novos livretos, distribuindo e liberando a versão digital gratuitamente para que seja pirateada, deixo aqui uma proposta de contrapartida. Todos os patrocinadores terão o direito de escolher duas palavras que serão impressas na última página do livreto. Essas palavras podem ser o nome de alguém, como também podem ser outras palavras quaisquer, como “surdo” e “pobre”.

A proposta é, com essas palavras, criar uma arte gráfica. Se uma palavra for escolhida mais de uma vez, ela terá mais relevância dentro desta arte. Vejo isso como uma chance de criar um trabalho coletivo ou até mesmo de homenagear alguma pessoa. Por exemplo, eu poderia usar os termos “vó” e “dila” para homenagear a minha falecida vovozinha, ainda que não haja nenhuma garantia de que na arte gráfica os termos sejam usados conjuntamente. A arte será produzida pela Rê Cardamoni, que é também a linda que faz as ilustrações do livreto.

Se você está interessado em patrocinar esse projeto, há duas formas:

a) Você pode se comprometer a doar uma quantia por mês durante um período específico. Sugerimos o valor de 20 reais, mas pode ser menos ou mais. Por exemplo: o Joãozinho resolveu doar 20 reais por mês durante 10 meses. Todo mês ele receberá um e-mail para lembrá-lo de fazer seu depósito. Se 17 pessoas doarem 20 reais e uma pessoa doar 10 reais, teremos os 350 reais mensais que o projeto exige.

b) Você pode fazer apenas uma doação para o projeto todo. No caso do Joãozinho, em vez de doar 20 reais durante 10 meses, ele doaria 200 reais de uma só vez. Mas você pode doar, por exemplo, 100 reais. Ou 300. Se 20 pessoas doarem 175 reais, teremos os 3500 necessários para financiar o projeto por 10 meses.

Não importa o valor: todo mês você receberá um update em seu e-mail sobre como anda o projeto. E todo mês vamos postar um documento da gráfica com o valor gasto com os livretos, para manter a transparência do projeto.

Agora que sabe as regras do jogo, que tal ser um investidor de poesia? É só preencher o formulário abaixo. Isso vai chegar no meu e-mail e eu entro em contato com você dando as coordenadas. =)

Deseja doar:(obrigatório)

Deixe um comentário